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quinta-feira, 1 de março de 2018

A eterna criança em todos nós


A infância é um traço comum a todos nós: no início da vida, todos nos encontramos neste mundo cheio de descobertas e possibilidades, onde o pensamento é mágico, capaz de operar transformações incompreensíveis aos adultos à volta. É como se toda criança tivesse seu próprio manancial do pó de pirlimpimpim, do qual nos contava Monteiro Lobato.

Justamente por ser uma fase da vida, em geral, tão rica em imaginação e inocência, deixá-la pode ser penoso a muitos. Alguns se aferraram numa infância eterna e imatura, como trata Marie-Louise von Franz em Puer Aeternus: a luta do adulto contra o paraíso da infância. Nas meninas, esse arquétipo é chamado de Puella Aeterna. É ele que está por trás do Peter Pan, de J. M. Barrie, tão bem analisado por Ann Yeoman em Agora ou na Terra do Nunca.

Outros continuarão buscando-a, como um Éden prometido, sonhando em para ela retornar. Não deixa de ser essa a tônica subjacente a O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: o adulto idealiza seu alter ego infantil, valorizando seu olhar inocente ao aprender sobre a amizade e o amor. Quando eu voltar a ser criança, de Janusz Korczak, deixa isso explícito no título, mas se foca mais no tratamento injusto que as crianças podem vir a receber de adultos (leia uma resenha no blog de Lethycia Dias).

Popularmente, esse nó psicológico que aferra o indivíduo à infância tornou-se conhecido como Síndrome de Peter Pan, após o livro de mesmo nome escrito por Dan Kiley. Mas antes disso já era percebido como um fenômeno do século XX: adultos que se mantém com uma mentalidade de adolescente e se recusam a amadurecer. Aldous Huxley, em A Ilha, já tinha mencionado isso. criando inclusive o neologismo "Peter-Panic paranoia" que soa curiosamente bem como trocadilho.

Amadurecendo ou não, a infância estará sempre lá como um eco que nos desarma, guardando memórias doces ou amargas, mas sempre intensas e sinceras.  “O Rei Adulto” apresenta uma fantasia alegórica sobre esse amadurecimento, da constatação de que a vida nos impele à frente, mas há sim muito o que podemos levar sempre conosco desse momento tão especial da nossa história.

Conheça O Rei Adulto, comprando seu exemplar.

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