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quinta-feira, 29 de março de 2018

A adaptação de Jim Knopf para o cinema

Detalhe do cartaz do filme Jim Knopf und Lukas der Lokomotivführer

Hoje estreia na Alemanha o filme Jim Knopf und Lukas der Lokomotivführer, inspirado no livro "Jim Knopf e Lucas, o Maquinista", de Michael Ende. No Brasil, o autor é mais conhecido por seu livro A História Sem Fim. Contudo, foi com Jim Knopf que ele se tornou inicialmente conhecido; Momo e A História Sem Fim são obras posteriores.

Capa duma edição alemã do livro
Jim Knopf é um menino que chega, ainda bebê, dentro de um pacote entregue na pequena ilha de Lummerland. A ilha é tão pequena que nela só moram 4 pessoas e uma locomotiva. Por ser órfão, o menino é adotado como filho pelos 4 adultos e cresce aprendendo algo com cada um deles. Mas há um problema: a ilha não comportará 5 adultos e o crescimento de Jim implicará que alguém terá de deixar a ilha. É Lucas, o maquinista, quem terá de sair. Ele transforma sua locomotiva em uma embarcação e deixa Lummerland. Mas Jim se esconde na locomotiva e parte junto, pois o menino quer descobrir sua própria origem e como foi parar dentro de um pacote. A história se desenrola dessa premissa, com várias aventuras memoráveis e momentos reveladores e engraçados, como só Ende consegue narrar.

O livro foi premiado com o German Young Literature Prize em 1961 e ganhou várias traduções, além de uma continuação: Jim Knopf e os 13 Piratas. Há também animações para a TV e peças de teatro inspiradas na obra. No Brasil, ambos foram publicados pela editora Martins Fontes. Apesar disso, não é um livro muito conhecido em nosso país, como os demais livros de Ende.

Curiosamente, Ende não considerava seu livro como um livro infantil. Tal como em Momo, Jim Knopf é uma alegoria que usa elementos da narrativa de aventura para discutir problemas sociais. Ele baseou o personagem-título em Jemmy Button, um nativo da Terra do Fogo que, como adolescente no século XIX, foi vendido por um botão de madrepérola e levado para a Inglaterra. Mais tarde, ele retornou à sua terra natal no HMS Beagle, através das Ilhas Galápagos, junto com seu colega Charles Darwin, quem escreveu sobre o episódio. Ende também incluiu nesse livro sutis críticas ao modo educacional usado pelos nazistas para incutir sua ideologia junto à juventude.

Michael Ende era um grande crítico do consumismo e da transformação dos sonhos em produtos vendáveis. Isso, em parte, explica porque ficou decepcionado com o resultado da adaptação de seu livro A História Sem Fim para o cinema, pois o filme mudava pontos importantes de sua obra.

Espero que esta adaptação seja mais fiel à mensagem de Ende. As imagens divulgadas até agora nos trailers são muito cativantes, como pode ser visto abaixo. O próprio ator que interpreta o maquinista Lucas lembra fisicamente o escritor Michael Ende.

Torçamos para que possa também ser lançado no Brasil!

Trailer 1


Trailer 2


Trailer 3

quarta-feira, 21 de março de 2018

As permissões de impressão

Numa resenha a O Rei Adulto, Renata Silva escreveu que "quando pegamos um novo livro em mãos e o abrimos, estamos entrando em um novo mundo, mas geralmente nós só temos certeza disso na introdução, com O Rei Adulto as coisas são um pouco diferentes, nós entramos naquele mundo já na folha de rosto e seguimos assim até o final".

As permissões de impressão. Uma jocosa referência às antigas permissões
que os livros medievais precisavam ter antes de serem impressos.

Esse convite a ingressar num novo mundo inclui o quadro acima, que mostra as "permissões". Durante parte dos séculos medievais e ainda no começo da idade moderna, era comum que um livro só pudesse ser impresso se tivesse permissões régias ou eclesiásticas, dependendo da autoridade emissora.

O Principia Mathematica de Newton também
recebeu o Imprimatur antes de ir para o prelo.
Essas permissões podiam ser até 3: uma dada pelo censor, outra pela autoridade episcopal e pelo superior da ordem ao qual o autor estava subordinado.

A sequência era Imprimi Potest (é possível imprimir), Nihil Obstat Quominus Imprimatur (nada obsta que seja impresso) e, finalmente, o Imprimatur (que se imprima).

As referências a esse costume foram usadas de modo jocoso em O Rei Adulto, no qual as permissões são concedidas por outras crianças, hierarquicamente distintas, começando pela curadora da biblioteca real e terminando com o arquissábio do reino.

Além disso, a primeira das permissões foi modificada para Nullae Contumeliae Parentibus (nenhuma ofensa aos Pais). Afinal, por se tratar de um mundo regido por crianças, garantir que os livros impressos sigam regras de boa educação é fundamental!


Adquira seu exemplar de O Rei Adulto!

segunda-feira, 12 de março de 2018

Dois exemplares de O Rei Adulto em sorteio

Para comemorar a segunda tiragem do volume 1 de O Rei Adulto, resolvi fazer o sorteio de dois exemplares no dia 1 de maio.


Para participar é preciso ter uma conta pessoal no Instagram e seguir as regras abaixo:

  • Siga @oreiadulto no Instagram.
  • Procure nessa conta pela foto acima. Curta-a e comente-a marcando 3 de seus amigos que poderiam se interessar em participar.
  • Apenas serão considerados válidos comentários a perfis verdadeiros, desbloqueados e ativos (com postagens recentes). Não vale marcar perfis comerciais, de lojas ou (sub)celebridades.
  • Pode comentar quantas vezes quiser, marcando pessoas distintas em cada comentário, para aumentar suas chances. 
  • Serão considerados todos os comentários feitos até 30 de abril de 2018.
  • Você precisa residir em território brasileiro. 
Os ganhadores precisarão entrar em contato em até 24 horas após o anúncio do resultado, para enviar os dados de entrega, ou novo sorteio será realizado.

Os livros serão enviados por correio em até 3 semanas após o resultado. Os ganhadores receberão o código de rastreio por mensagem direta. Em caso de extravio, não haverá novo envio.

Não deixe de participar! Pode ser sua chance de conseguir um exemplar de graça.

quinta-feira, 1 de março de 2018

A eterna criança em todos nós


A infância é um traço comum a todos nós: no início da vida, todos nos encontramos neste mundo cheio de descobertas e possibilidades, onde o pensamento é mágico, capaz de operar transformações incompreensíveis aos adultos à volta. É como se toda criança tivesse seu próprio manancial do pó de pirlimpimpim, do qual nos contava Monteiro Lobato.

Justamente por ser uma fase da vida, em geral, tão rica em imaginação e inocência, deixá-la pode ser penoso a muitos. Alguns se aferraram numa infância eterna e imatura, como trata Marie-Louise von Franz em Puer Aeternus: a luta do adulto contra o paraíso da infância. Nas meninas, esse arquétipo é chamado de Puella Aeterna. É ele que está por trás do Peter Pan, de J. M. Barrie, tão bem analisado por Ann Yeoman em Agora ou na Terra do Nunca.

Outros continuarão buscando-a, como um Éden prometido, sonhando em para ela retornar. Não deixa de ser essa a tônica subjacente a O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: o adulto idealiza seu alter ego infantil, valorizando seu olhar inocente ao aprender sobre a amizade e o amor. Quando eu voltar a ser criança, de Janusz Korczak, deixa isso explícito no título, mas se foca mais no tratamento injusto que as crianças podem vir a receber de adultos (leia uma resenha no blog de Lethycia Dias).

Popularmente, esse nó psicológico que aferra o indivíduo à infância tornou-se conhecido como Síndrome de Peter Pan, após o livro de mesmo nome escrito por Dan Kiley. Mas antes disso já era percebido como um fenômeno do século XX: adultos que se mantém com uma mentalidade de adolescente e se recusam a amadurecer. Aldous Huxley, em A Ilha, já tinha mencionado isso. criando inclusive o neologismo "Peter-Panic paranoia" que soa curiosamente bem como trocadilho.

Amadurecendo ou não, a infância estará sempre lá como um eco que nos desarma, guardando memórias doces ou amargas, mas sempre intensas e sinceras.  “O Rei Adulto” apresenta uma fantasia alegórica sobre esse amadurecimento, da constatação de que a vida nos impele à frente, mas há sim muito o que podemos levar sempre conosco desse momento tão especial da nossa história.

Conheça O Rei Adulto, comprando seu exemplar.