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quinta-feira, 27 de julho de 2017

O mapa do jovem pirata

Este mapa amassado foi encontrado há poucos dias nos pertences do jovem pirata Filinto Berruga, que foi perseguido por tropas guaipurinas nas ruas de Alfageme, antes de lograr escapar.


Filinto, também conhecido como Rosto Encardido, é acusado de pilhar todo o carregamento de frutas dos barcos de Suas Altezas, os príncipes Marnado e Maramanta. Foi avistado em Alfageme quando visitava uma menina por quem dizem estar apaixonado, embora ele o negue indignada e ruborizadamente se disso perguntado. Há uma recompensa de cinco barras de chocolate amendoado por informações que levem à sua captura. Interessados devem procurar a capitania dos portos em Alfageme, Rute ou Yacre.



A confecção deste mapa seguiu parcialmente os tutoriais de Jezelf. A tipografia usada foi AI British Writing e AI Bouwsma Script. Decidi explorar esse tutorial documentando com mais detalhe a costa marítima de Teres e Guaipur. Inicialmente, pensei em fazer um mapa maior e bem mais detalhado, com nomes para os diversos recortes do relevo, mas o tamanho da primeira camada deu quase 1 GB, e tive de diminuir suas dimensões e resolução para algo trabalhável. Ainda assim, há resolução suficiente no mapa para ampliá-lo e ver mais detalhes, como os exemplos abaixo mostram.

Golfo da Banguela e o Penhascão, área de intensa pirataria mirim.

Ponta do Alfageme, província mais meridional de Guaipur.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Os Caaporas

Meninos caaporas. Imagem modificada de original em domínio público.

Na grande floresta de Grínkor, vive uma tribo de crianças que chamam a si mesmo de "caaporas" (ka'á + pora = habitante da floresta). Nas cidades macebóis vizinhas à floresta, é mais comum chamá-los de "o povo da mata".


Inicialmente, eles moravam em casas construídas entre os galhos de árvores frondosas, no entorno de uma taba chamada Tabypy (taba + ypy = primeira aldeia). Quando essas árvores morreram, Tabypy foi abandonada e tornou-se uma tapera. A maioria de seus habitantes migrou para o sul da floresta, onde fundaram Ybyraoketá (ybyrá + oka + etá = muitas casas de árvores), uma taba que segue a mesma arquitetura de casas nas árvores de Tabypy. Mas, alguns caaporas preferiram erguer aldeamentos noutras partes da floresta, não necessariamente entre os galhos de árvores. Assim surgiram, entre outras, as cidades de Emaém (E-ma'ẽ! = veja!; em referência à beleza da paisagem), Ipopiraçuí (I por pirá suí = cheia de peixes), Guarinindaba (guarinĩ + taba = aldeia dos guerreiros), Ybytyratá (ybytyra + tatá = montanha de fogo, vulcão), Tukatu (tura + -katu = boa vinda), Sugûypirangapé (Sugûy + piranga + apé = caminho do sangue vermelho; referência ao rio Artéria) e Jaguacuara (Îagûara + kûara = esconderijo da onça). Ybyraoketá foi escolhida como sua capital, em deferência ao estilo de sua antiga Tabypy.

Em Ybyraoketá, é possível ir de casa em casa usando pontes
e cordas, sem precisar descer ao chão. Imagem modificada de
Bamboo House Mawlynnong | © Editor Gol Monitor / Flickr

Eles usam roupas simples, trançadas com fios de cauuma (ka'á + u'uma = planta macia) e têm a pele acastanhada. Alguns gostam de se ornar cordas atadas aos braços e tornolezos, além de pinturas em padrões geométricos pelo corpo. Eles veneram Ka'a'anga Py'aoby (ka'á + 'anga + py'á + oby = espírito da floresta coração verde), aquele que as demais crianças chamam de Grínkor, o Espírito da Floresta.

 
O idioma dos caaporas é o Abanheenga (abá + nhe'enga = língua de gente), mas a maioria deles também sabe se expressar mais ou menos bem em Nortenho. E alguns de seus pajés e xamãs alegam ser capazes de falar diversas Soonheengas (so'ó + nhe'enga = língua de animal).

São amantes de histórias e lendas, e boa parte de sua cultura gira em torno da preservação e transmissão dessas histórias. Grande destaque em sua sociedade tem o sacerdote ou sacerdotisa que carrega o título de Mombeú Mboeçara (mombe'u mbo'e-sara = mestre do narrar), que se encarrega de garantir que as crianças caaporas nunca percam a imaginação, caso o espírito mau Moangu (moanga + 'u = comer ideias) tente comer seus sonhos.

Por apreciarem as histórias, sempre receberam muito bem os visitantes d'além-floresta, especialmente quando estes vêm em buscas e aventuras. Sua gentileza frequentemente era retribuída com algum presente, muitos dos quais não lhes serviam no dia-a-dia. Eles, assim, resolveram que dariam esse presente à próxima busca de crianças que os visitasse. Tal costume deu origem à Jetanonga (îetanonga = dar oferenda, presentear), a cerimônia de troca de presentes entre uma busca do passado e outra do futuro intermediada pelos caaporas.

Mas não pense que eles são um povo tímido, pois também têm suas desavenças com os macebóis e entre eles mesmo. O mais doloroso desses conflitos levou à uma divisão de seu povo: as aldeias Guarinindaba e Jaguacuara uniram-se e pelejaram contra as demais, pois seu chefe Akangatã (akanga + atã = cabeça dura) queria ser coroado líder dos caaporas. Akangatã perdeu essa guerra, mas aliou-se aos macebóis e declarou-se líder dos poretés (pora + eté = povo legítimo); já os caaporas passaram a considerá-los rebeldes tobajaras (tobaîara = inimigo).

Em O Rei Adulto, você conhecerá um pouco mais sobre os caaporas e seu papel na busca de Êisdur. Compre o seu exemplar!

Todas as etimologias apresentadas acima são do tupi antigo, tomado como idioma para representação do Abanheenga. Você pode aprender o tupi antigo a partir dos livros do Prof. Eduardo Navarro ou do já esgotado Curso de Tupi Antigo, do Padre Lemos Barbosa.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Onde a história começou

Ao fundo, o Observatório do Valongo, da UFRJ

Quando comecei a escrever O Rei Adulto, estava no quinto período do curso de graduação em Astronomia da UFRJ. Foi no Observatório do Valongo que essa história começou a tomar forma.

Noutras postagens, comentei que o livro A História Sem Fim me inspirou, mas houve um evento anterior, que ocorreu justamente no observatório: as aulas do Prof. Jorge Albuquerque Vieira num curso de epistemologia e filosofia da Ciência, no segundo semestre de 1990. Eram aulas inesquecíveis, que nos levavam a pensar fora dos padrões, a questionar a informação e o modo como o conhecimento humano se construía. A partir dessas aulas, um problema ético, associado a um experimento mental que desenvolvi, começou a me afligir:
"Se fosse possível viajar no tempo e se encontrar com seu eu do passado, e este nos perguntasse se tínhamos sido capazes de realizar seus sonhos de infância, o que diríamos? Como explicar àquele menino que vários de seus sonhos teriam perdido sentido em meio às mudanças que a vida nos impele? Podería convencê-lo de que esses sonhos não realizados eram apenas dele e não mais meus? Éramos nós dois a mesma pessoa ou indivíduos completamente distintos, sendo eu apenas um 'herdeiro' de quem fui?"
Era essa questão que martelava em minha alma quando li A História Sem Fim, em março de 1991. E vem daí a história de um menino que precisa entender por que crescer.

Outro evento inesperado criou a oportunidade para que a história não viesse a ser abandonada logo nas primeiras páginas: a greve das universidades federais em 1991. Cursos de Física e Astronomia têm fama de serem difíceis e trabalhosos, e esta não é imerecida. A greve de 1991 deixou todos os alunos mais de 100 dias em casa sem aulas. Apesar disso, foi um período intelectualmente fértil para mim: com tempo livre, iniciei O Rei Adulto e também desenvolvi parte do que veio a ser meu TCC, finalizado em 1993.

Ocorriam no Observatório do Valongo, desde o começo de 1990, as primeiras partidas de RPG de que participei e que vieram a moldar a forma como a narrativa se desenrola em O Rei Adulto. Inicialmente nosso grupo (eu, Jorge Marcelino, César Caretta, Jônatas Suzuki e Gianlorenzo Santarosa) era mestrado pela Thaís Linhares, quem nos apresentou o Middle-Earth Role Playing Game (MERP). Depois, Thaís mudou de curso e assumi a tarefa de mestrar as campanhas.

Eram do observatório a maioria das pessoas a quem primeiro contei sobre essa história: meu grupo de RPG, Luciana Pompeia, Walquíria Schulz, Flávia Pedroza, Alessandra Wentrick, Nívia Diniz, Cintia Quireza e minha orientadora à época, Lilia Irmeli Arany Prado.

Formei-me em 1993 e afastei-me do observatório por onze anos, retornando em 2004 como professor concursado. Quando voltei a subir a íngrime ladeira que dá acesso ao instituto, lembrei-me da sensação de encanto que tive ao pisar lá pela primeira vez, em 1989, aos 18 anos de idade. E dei-me conta de quanto minha história de vida estava unida a este local: foi onde minha vida adulta de fato começou.

Parceria com o instagram literário _jjworld

O Rei Adulto recebeu uma indicação bastante favorável do instagram literário _jjworld. Confira a postagem e deixe lá sua curtida!

E por que não aproveitar e curtir também o instagram _jjworld, para receber outras indicações literárias?

. .•° #Livro: O Rei Adulto - Oeste / Volume 1 #Autor: Helio Jaques O Rei Adulto é uma #fábula sobre as dificuldades que envolvem a passagem da criança à vida adulta. Ambientado dentro do mundo imaginário e fantasioso das próprias crianças, a história foi dividida em dois volumes: o Volume 1 - Oeste e o Volume 2 – Leste. Oeste e Leste fazem referência ao mundo onde se passa a história cujos mapas são apresentados no fim de cada volume. O autor se preocupou com o detalhamento do cenário, a exemplo do que fez o Mestre Tolkien com sua maravilhosa Terra Média; alem disso ele deu características especificas de linguagem para cada região do mundo infantil, dando ao leitor a sensação de estar, de fato, caminhando por culturas diversas enquanto busca pelo Rei Adulto. Até quando entra na floresta, encontra crianças que falam tupi antigo; ou quando precisam falar em código, para não serem descobertos, usam a língua-do-pê. Embora fale sobre a infância, não é apenas um livro infantil. Esta é uma #leitura para adolescentes, jovens adultos e qualquer um que ame #fantasia, ao estilo do livro 'A História Sem Fim'. É uma leitura instigante e envolvente que nos faz querer devora-la cada vez mais. *-* ' Recomendo!😊📚 .•° #insta: @oreiadulto #Blog: http://oreiadulto.blogspot.com.br/ #Face: https://www.facebook.com/OReiAdulto. #Amazon: https://www.amazon.com.br/O-Rei-Adulto-Helio-Jaques-ebook/dp/B01N57NVMU . °•.•°•°•. #bibliophile #igliterario #book #books #resenha #livroreportagem #livros #libro #romance #instabook #instaread #insta #ig #bookster #olivreirodecabul #ler #instalivros #bookstagram #bookstagrammer #bookaholic #boatarde #divulgação
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terça-feira, 4 de julho de 2017

Em breve, uma nova edição impressa

Parece um jogo de sete erros, mas é uma atualização dos mapas que acompanham o livro O Rei Adulto.


São seis os mapas que acompanham o volume 1. Foram desenhados a mão, em nanquim, e digitalizados posteriormente. Os topônimos foram anotados também a mão, numa caligrafia especial. Tanto os elementos dos mapas quanto a caligrafia têm inspiração nos mapas de Pete Fenlon, conhecido pelos belos mapas da Terra Média usados no Middle Earth Role Playing Game. Todavia, por mais que eu a tenha tentado normatizar, ao fim minha caligrafia apresentou várias letras com formas variantes aleatórias, prejudicando a homogeneidade do mapa. Além disso, a digitalização em preto-e-branco deixou certas partes dos mapas com difícil legibilidade.

Nos últimos dias, resolvi atualizar os mapas, trocando as anotações dos topônimos por outras numa tipografia digital. Busquei usar tipos elegantes e ainda assim apropriados para um mapa de Fantasia. Escolhi os tipos Alegreya, Almendra e Cormorant, todas fontes Google.

Essa mudança foi motivada por uma novidade: em breve teremos uma edição impressa do volume 1 de O Rei Adulto, publicada pela AZO - Agência Literária. Os mapas atualizados serão usados nessa nova edição. Se você ainda não adquiriu O Rei Adulto por não gostar de ler ebook, não perca a edição impressa!

Veja abaixo, nas amplicações, como o aspecto do mapa mudou. Clique na imagem para ampliá-la!

Baltar e o Lago de Enjânu, caps. 1 e 2 de O Rei Adulto

O que achou? Prefere a versão anterior ou a nova? Deixe seu comentário!

Sul dos Montes Baixos, cap. 3 de O Rei Adulto