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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Macebólia: um reino fragmentado

A principal característica da Macebólia é não ter uma cultura única. Há pelo menos cinco grupos de crianças relativamente bem distintos, que os eventos do passado juntaram num único reino. Só mais recentemente uma identidade macebol começou a se formar, especialmente no sul do reino.


Em épocas bem remotas, essa região era dividida em quatro reinos menores: Naron, Astorga, Beimir e o pequeno reino da Macebólia, que acabou emprestando o nome àquele formado pela união dos demais.

Outros grandes reinos infantis também foram formados pela união de reinos menores. Mas essa unificação foi mais tardia na Macebólia, posto que os quatro reinos originais tinham poderio equivalente e viviam em constantes conflitos, muitos dos quais fomentados pelas potências vizinhas, notadamente o Tamatich e Ístar, que atuavam nos bastidores para inviabilizar qualquer acordo.

A unificação acabou sendo possível não pela força, mas por uma intensa e inovadora campanha de ideais eruditos e iluministas promovida por sacerdotisas, magos e sabichões, que mobilizou a população. A influência dos sábios manteve-se alta nas décadas seguintes à unificação, contribuindo para a caracterização da Macebólia como um reino afeito à descoberta e preservação do conhecimento.

Uma vez unificada, a Macebólia descobriu ter gana para seu próprio projeto imperialista e anexou ao seu território a floresta de Grínkor, subjugando os caaporas, nativos que lá sempre viveram.

Após a Guerra das Águas, a quase totalidade do antigo território de Beimir foi anexada ao Tamatich, o que praticamente rachou a Macebólia. Na configuração territorial atual, o Norte macebol se conecta contiguamente ao Sul apenas através da floresta. A maioria dos macebóis evita cruzar Grínkor e isso tem levado ao gradativo isolamento cultural e administrativo entre o Norte e o Sul. Muitos sabichões preveem que isso poderá levar a guerras de secessão em algum momento no futuro.

As cores nacionais da Macebólia são o vermelho e o branco. Seu brasão representa a união dos quatro reinos originais sob o poder da lis, que é o símbolo da capital Lyrnyra, a chamada Capital Bela. Nele, a floresta de Grínkor é representada pela árvore como timbre. Já a bandeira macebol lembra um cristal lapidado. Ela é considerada a mais elegante dentre todas dos reinos infantis e enfatiza essa complexa e multifacetada unificação.

Um reflexo das antigas rixas entre os reinos originais é a duradoura rivalidade entre as cidades de Oéssen (do antigo reino de Astorga) e Foe (do antigo reino da Macebólia, pré-unificação), separadas pelas célebres "Colinas de Batalhar", área montanhosa que abriga intensa e divertida guerra de lama entre os habitantes de cada lado. Só precisa levar sua própria munição em argila, se quiser se juntar aos combatentes.

Para os de gosto mais refinado, a Macebólia oferece grandes bibliotecas, diversas escolas de magia e feitiçaria, além de conservatórios de música onde treinam a maioria dos bardos que encantam as cortes vizinhas.

E quanto a você, o que escolhe? Lama ou livros?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Vídeo de apresentação das personagens

Finalizei há poucos dias o vídeo de apresentação das personagens principais de O Rei Adulto, que pode ser visualizado abaixo, bem como na fanpage e no canal do youtube. Assim como o Book Trailer, esse filme foi feito no iMovie.




Essas imagens foram compostas com a mesma técnica que vim utilizando para ilustrar cenas dos capítulos iniciais: imagens em domínio público distribuídas sob a licença CC0 ou similares são tratadas com o GIMP de modo a representar uma cena, personagem ou situação. Neste caso, apliquei a todas o filtro Graphic Boost para aumentar a impressão de se tratar de uma ilustração digital.

Embora a licença CC0 não requeira atribuição às fotografias originais, é considerado de bom tom, inclusive um gesto de agradecimento, creditá-las, o que é feito abaixo:


Êisdur e Tsâmar

Para essa ilustração usei as seguintes figuras:
O modelo para o menino Êisdur foi uma foto antiga de meu filho.

Wáldron

Para essa ilustração usei as seguintes figuras:

Marsena

Para essa ilustração usei as seguintes figuras:
 

Harsínu

Para essa ilustração usei as seguintes figuras:
 

Áymar

Para essa ilustração usei as seguintes figuras: 
 

Ernesto

Para essa ilustração usei as seguintes figuras: 
 

Ctara

Para essa ilustração usei as seguintes figuras: 
 

Nos termos das licenças CC BY-SA 2.0 e 3.0, as duas imagens derivadas abaixo
são aqui distribuídas segundo a licença CC BY-SA 3.0.


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

sábado, 21 de janeiro de 2017

Os Suprapátrias

Muitas crianças se lançam em aventuras e buscas, juntamente com seus amigos. As buscas mais simples costumam perseguir o fim do arco-íris, desvendar um tesouro enterrado ou capturar uma borboleta rara, um sapo gosmento, e coisas do gênero.

Quando a busca obtém o patrocínio de alguma cidade, as crianças que a promovem recebem o sofisticado e prestigioso título de buscandante. Nos dias atuais, só o Tamatich e a Macebólia costumam sagrar regularmente novos buscandantes a cada ano.

Mas há situações em que a busca tem um alcance e importância muito grande, correspondendo a algo pelo qual todos os reinos infantis anseiam. As crianças criaram um título para designar esses aventureiros especiais: suprapátria.

Uma busca suprapátria é considerada como estando acima dos problemas regionais dos reinos infantis. Os suprapátrias têm salvo-conduto e podem viajar por todos os cantos, mesmo por regiões em guerra, enquanto realizam a busca. Devem ainda ser auxiliados por todos os regentes e autoridades dos demais reinos, de modo a desempenharem sua missão.

A busca de Êisdur e seus amigos pelo Rei Adulto foi sagrada suprapátria pela princesa Quérelim do Tamatich. Posteriormente, outros reinos ratificaram essa classificação e estenderam sua proteção ao grupo.

Foram sete os suprapátrias que cruzaram o rio das Lágrimas em busca do Rei Adulto: Êisdur, Wáldron, Marsena, Harsínu, Áymar, Ernesto e Ctara. São os personagens principais deste livro, retratados abaixo. Eles vão se juntando gradativamente e contribuindo com suas habilidades para o sucesso da missão.




As ilustrações completas de cada suprapátria podem ser vistas neste álbum.

Com qual desses personagens você mais se identifica?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Etimologia. I. Os nomes dos reinos


Teres, Tamatich, Landau, ... Donde vieram esses nomes? Significam algo?

Felipe Pamplona, um amigo e ex-aluno que teve a oportunidade de ler O Rei Adulto quando ainda este ainda não tinha sido publicado, um dia apresentou-me esta questão. Por que não há nos apêndices do livro comentários acerca da etimologia dos nomes empregados ao longo da história?

A resposta é que não achei que isso fosse interessar à maioria dos leitores. Mas, desde então, um ou outro me perguntou algo parecido. Assim, considerei iniciar uma série de postagens acerca da etimologia de alguns nomes.

Não segui um esquema coeso e homogêneo, como o fizeram Tolkien e George R. R. Martin. Ao contrário, fui muito inconstante na escolha dos topônimos, ora buscando nomes com significado num idioma ou hibridismos, ora buscando apenas nomes que aludissem algo, ou apenas nomes que me soavam agradáveis, mesmo que não tivessem sentido algum. Em alguns casos, os nomes foram modificados mais de uma vez, até que o resultado me satisfizesse.

Nesta postagem, comentarei sobre a motivação para os topônimos mais frequentes no livro: aqueles empregados para nomear os reinos infantis.

Teres. Sendo o reino onde a história se inicia, o topônimo Teres foi o primeiro a ser criado. Nessa época eu ainda planejava escrever uma história diferente, e Teres era o nome pelo qual eu designaria toda região (um continente ou o mundo) em que os eventos transcorreriam. Daí vem o nome Teres: uma alusão à Terra, como se contivesse o significado "essa é nossa terra, nosso lar".

Landau. Este foi o segundo ou terceiro nome de reino que criei. Sua origem se relaciona com a do nome anterior. Da palavra inglesa "land" criei Landau (com pronúncia aportuguesada). Como sou astrônomo, muitos imaginam que o nome Landau venha do físico L. Landau, autor de vários livros-texto usados nos cursos universitários. Porém, a origem dessa terminação -au é o pseudossufixo -aŭ usado em algumas palavras invariantes do Esperanto (por ex: ambaŭ, ankaŭ, laŭ, kontraŭ, etc). Desejando que o nome deste reino tivesse uma terminação incomum, recorri a esse ditongo esperantista.

Guaipur. Criei esse topônimo no mesmo dia que criei Landau. E, novamente, buscava sons ou terminações pouco usuais. Tendo usado a terminação -au, cogitei em outros ditongos agradáveis ao ouvido (ao menos ao meu). De -au, pensei em -ua, e daí para o tritongo -uai, presente em Uruguai e Paraguai. Guaipur surgiu dessa mescla das letras desses dois países da América do Sul.

Tamatich. A origem desse nome é muito simplória: quando eu produzia o primeiro mapa do Mundo das Crianças, em 1992, tocava no rádio uma canção do grupo Kid Abelha e os Abóboras Selvagens intitulada Tomate. Eu provavelmente estava cansado de criar nomes apenas para preencher o mapa em sua primeira versão. Por isso, acabei frivolamente usando o nome da canção para inspirar o nome do reino e anotei: Tomatis (oxítona). Com o tempo, a narrativa fez os protagonistas rumarem para essa região e a denominação Tomatis passou a me incomodar muito. Apesar disso, não o mudei drasticamente; passei a denominá-lo Tamatis. Essa mudança me soou melhor, mas acabou colidindo com o nome Ramatis (uma famosa entidade do Espiritismo). A terceira modificação: a palatalização do S final em CH ([ ʃ ]) provavelmente vício de minha pronúncia carioca me agradou bastante. Anos depois passei a considerar que Tamatich fosse um nome composto, tal como Budapeste, proveniente da união de dois reinos rivais: Tamma e Ticch (CCH seria a fricativa palatal surda [ ç ]). E a partir dessa consideração, muitas outras histórias e ideias foram surgindo, afastando-me definitivamente dos tomates...

Macebólia. Esse foi um nome criado a partir de uma combinação de sons cujo resultado me agradasse. Há vários topônimos criados com base nesse critério e que não significam nada em particular. Eu apenas buscava um nome que tivesse terminação -ólia, para poder ter um gentílico terminado em -ol, similar à dupla Mongólia-Mongol.

Grínkor. Não é um reino propriamente dito, mas sim uma região semiautônoma da Macebólia, bem como o nome da enorme floresta onde vive o povo da mata.


Esse nome é um hibridismo formado pelas palavras inglesa "green" (verde) e latina "cor" (coração). Essa etimologia é bem óbvia: as próprias crianças chamam a floresta de Coração Verde e a mancha da floresta no mapa lembra um grande coração invertido.

Provavelmente esse nome é o que transmite a sensação a alguns leitores de que todos os demais topônimos escondam algum significado. Chamei a floresta de "Coração Verde" como uma analogia ao termo "Pulmão Verde" frequentemente usado para a floresta amazônica. Buscava enfatizar mais a ligação afetiva de crianças com a natureza, por isso substituí o pulmão pelo coração.

Ístar. Esse nome vem de Ishtar, a deusa babilônica. Assim como no caso do Tamatich, usei essa denominação logo na primeira versão do mapa. Desde o começo da história, talvez pela forma das massas de terra que usei no mapa, vi-me preso numa associação involuntária entre esse reino e partes da Ásia Menor. A própria cidade ístara de Lize, situada num avançado estreito de terra entre dois rios, me fazia pensar em Constantinopla.

Eix. Este nome foi derivado por redução. Inicialmente, imaginei um povo muito aguerrido mas historicamente subjugado pelos ístaros. Ao associar Ístar à Ásia Menor, pensei nos antigos hicsos. Deste nome histórico, criei eicsos. E a partir deste último, por redução, nomeei seu antigo reino como Eix.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O conselho tamatisco e a caçada ao vuvuvu

Nesta postagem, apresento como produzi as ilustrações dos capítulos 9 e 10. Tentarei explicar seu contexto sem introduzir muitos spoilers.

O Conselho da princesa Quérelim


No capítulo 9, descobre-se que o uso indiscriminado de estranhas plantas, que produzem uma intensa imaginação após mascadas, está trazendo caos ao Mundo das Crianças, pois este também se assenta na imaginação. Uma reunião do Conselho de Ministros da princesa Quérelim é convocada para discutir que providências precisam ser tomadas.

O Conselho de Ministros do Tamatich é composto por crianças notáveis: o Arquimago, o Arquissábio, a Grã-Sacerdotisa, o Bobalhão da Corte, o General-Bom-de-Briga-e-Guerra, entre outros, todos representantes máximos de suas áreas de atuação. Durante a reunião, o General-Bom-de-Briga-e-Guerra causa grande reboliço entre os demais ministros ao propor o que lhe parece ser a melhor solução: aprisionar todas as crianças que usam plantas de imaginar.



Esta ilustração precisou ser encenada pelos meus dois sobrinhos Alexandre e Gabriel, além dos meus priminhos Igor, Iuri e Maria Eduarda. Ei-los a se divertirem durante a encenação:



Foi de Iuri (o arquissábio) a sugestão de que os copos se revirassem após o soco do general.

Para caracterizá-los como ministros tamatiscos, usei algumas imagens adicionais:

 As imagens citadas acima foram distribuídas pelas licenças CC0.

A caçada ao vuvuvu


No capítulo 10, Êisdur e seus amigos já foram nomeados Suprapátrias pela princesa Quérelim e seguem em busca do Rei Adulto, cientes de que os efeitos das plantas de imaginar irão atrapalhar sua jornada.

E justamente poucos dias após deixarem Paço, encontram um dos mais danosos desses efeitos: o vuvuvu, um animal magicamente alterado para que sua caça seja um desafio que encha de prazer alguns nobres tamatiscos...



O cenário principal da caça ao vuvuvu veio dessa fotografia de Manfred Antranias Zimmer. Algumas tendas foram duplicadas e adicionadas à direita, com novas cores, para parecerem diferentes. Algumas foram decoradas com flâmulas (variantes dessa arte vetorial produzida por Clker-Free-Vector-Images) e a tenda do prefeito recebeu a bandeira do Tamatich.

O vuvuvu tem corpo de elefante, cabeça estreita e oblonga feito pera, rodas de trator em lugar de patas e uma tromba que termina em corneta. Seu corpo veio da fotografia de um jovem elefante feita por Mohamed Nuzrath. Suas rodas são do trator fotografado por Gerhard Gellinger. As presas espiraladas são da fotografia de um fóssil feita por Cocoparisienne, e seu olho mau tirei desta arte vetorial disponibilizada por OpenClipart-Vectors.

As crianças que fogem de pavor vêm de:
As imagens citadas acima foram distribuídas pelas licenças CC0.